Qual é o seu compromisso com as restrições?

O designer precisa aprender a lidar com as restrições para criar soluções realmente criativas e efetivas.

Rogério Pereira
3 min readJul 14, 2019

É muito gratificante ver as pessoas usando o produto que desenhamos. Por isso, ficamos muito orgulhosos do nosso trabalho. Sofremos muito quando um site não foi desenvolvido da forma que foi pensado inicialmente. Pior ainda, quando nem sai do Sketch.

Será que a qualidade de um trabalho é culpa de quem desenvolveu o produto final ou do designer que ignorou as restrições do projeto? Não existe resposta certa para essa pergunta, e infelizmente, na maioria das vezes, lidamos com as restrições de uma maneira muito infantil.

Cada projeto tem uma realidade totalmente diferente. Fazer design é lidar com restrições, e precisamos aprender a enfrentar essa questão na nossa rotina profissional.

Muitas vezes, o cliente tem um orçamento limitado, sem esquecer de mencionar restrições como tempo de lançamento do projeto, tecnologia disponível e profissionais responsáveis por publicar um determinado conteúdo, por exemplo.

A restrição demanda uma criatividade ainda maior do designer. É muito fácil ser criativo quando o limite é apenas publicar o trabalho no Dribbble, ou no Behance. Exercitar a criatividade, na restrição, exige um esforço muito grande e ajuda a desenvolver profissionais mais completos.

Qual é a melhor solução que conseguimos entregar diante da realidade do cliente? Qual é o melhor que conseguimos fazer em relação ao tempo que temos disponível? Quanto mais tempo o designer tem, mais ele vai melhorar sua solução. Só que a realidade não é assim, pois temos sempre um tempo específico para realizar o nosso trabalho. Clientes são organizados por metas muito claras e agressivas.

Muitas vezes encaramos a restrição como um problema por resolver. Colocamos a culpa da restrição no cliente, e sofremos muito com isso. Ter essa atitude demonstra falta de maturidade de como lidamos com as restrições que encontramos no nosso trabalho.

Restrição não pode ser apenas das pessoas que vivem a realidade de um produto. Deve ser também, de quem pensa produto e ajuda os clientes a criarem uma cultura interna.

Conheço designers que saíram de agências para trabalharem em produtos porque tinham poucas restrições como realidade. Já vi também profissionais saírem de produtos para trabalhar em agências porque tinham muitas restrições na mão.

A restrição é um aspecto que faz parte de todos que trabalham com design. Pelo menos, deveria ser. Existem também profissionais que pensam que somente o Brasil tem restrições. Claro que a restrição depende também da maturidade de cada mercado.

Quem não sabe lidar com restrição tem um papel bastante irresponsável, e pouco comprometimento com os resultados de um projeto. Quem não olha para a restrição está mais preocupado com a versão do portfolio, do que ajudar o cliente a vender mais produtos através do seu site.

Criatividade é uma ferramenta poderosa para o designer. Criar em cima da restrição é o grande diferencial de quem de fato se compromete a resolver problemas reais. A criatividade nasce da falta de algo. Grandes chefes de cozinha criam receitas na falta de um tempero. Por isso, temos que olhar a restrição como um aliado, não como um inimigo.

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Rogério Pereira
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Written by Rogério Pereira

UX Designer. Over the last 15 years, I have been working on translating business needs into intuitive digital products.

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